O município de Querência do Norte, no Noroeste do Paraná, que no passado já foi conhecido pelos altos índices de criminalidade, não registrou nenhum homicídio em 2022. O marco foi alcançado graças a atuação integrada das forças de segurança pública a partir de uma base compartilhada na cidade, de onde policiais militares e civis também atendem ocorrências em toda a região.
A estrutura foi inaugurada em dezembro de 2019 em uma parceria entre o Governo do Paraná, o governo federal e a Prefeitura de Querência do Norte. Segundo o major Alexandro Gomes, que comanda a 3ª Companhia Independente (3ª CIPM) de Loanda, responsável por 12 municípios da região Noroeste, os resultados práticos demonstram o sucesso da estrutura.
Além da redução no número de homicídios e outras práticas violentas, os agentes de segurança também ajudaram a coibir outros crimes que eram muito comuns na região antes da instalação da base. Entre eles, estavam o contrabando, tráfico de drogas e roubo de embarcações, algo até então comum devido à geografia da região, às margens do Rio Paraná e na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul e fronteira com o Paraguai.
“Temos na base policiais civis e militares, do Batalhão de Fronteira e de outras unidades do comando regional que semanalmente ficam à disposição da comunidade 24 horas por dia. Temos a Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos), que realiza investigações e os policiais militares que prestam apoio, em especial nas execuções depois das diligências, o que tem surtido grande efeito e reduzido os índices criminais praticamente a zero”, disse Gomes.
De acordo com o secretário de Segurança Pública de Querência do Norte, Claudinei Nery da Silva, a estrutura instalada em um imóvel cedido pela prefeitura e mobiliado com o apoio da comunidade causou uma revolução no combate à criminalidade e conta com a aprovação da população e da administração municipal.
“Com a base, houve uma redução drástica nos índices de criminalidade que havia nessa região, como o tráfico, contrabando e roubo de embarcações. A cidade era negativamente apelidada de ‘Querência da Morte’ e atualmente a situação é completamente diferente, com índices baixíssimos de violência e, inclusive, terminamos 2022 sem nenhum homicídio registrado no município”, informou.
“A integração foi feita visando o policial que trabalha na ponta da operação. Uma ocorrência que demorava de três a quatro dias para ser resolvida consegue ser solucionada em apenas um devido à atuação integrada”, concluiu.
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REFORÇO NO EFETIVO – Desde o fim da última semana, alunos que estão em fase final do Curso de Formação de policiais militares estão desenvolvendo atividades de campo na região Noroeste – ao todo são mais de 2 mil policiais em aulas em todo o Paraná.
O trabalho iniciou com uma marcha dos praças da companhia independente em Loanda até a base de Querência do Norte, onde eles receberam instruções de sobrevivência, dos bombeiros e da companhia de operações com cães e de procedimentos de apoio a aeronaves policiais, com exercícios práticos envolvendo uma aeronave da Casa Militar.
“Esse contato dos alunos com a natureza serve para testar os limites do futuro policial militar, para que eles saibam que quando estiver no serviço operacional também serão testados. As instruções teóricas em sala de aula são importantes, mas estes exercícios servem para assimilar a questão do cansaço e do esgotamento”, explicou. “Eles contam com uma estrutura de apoio para fornecer alimentação e cuidados médicos se necessário. Tudo foi planejado e programado para que os policiais prestem o melhor serviço possível à população depois de formados”.
Após o período de formação, que dura de seis a oito meses, os policiais atuarão em período probatório de aproximadamente seis meses sob a supervisão de outros agentes mais experientes da corporação. Eles ficarão alocados nos municípios que fazem parte da 3ª Companhia Independente de Loanda: Nova Londrina, Marilena, Itaúna do Sul, Diamante do Norte, Loanda, Querência do Norte, Planaltina do Paraná, São Pedro do Paraná, Porto Rico, Santa Cruz do Monte Castelo e Santa Izabel.
“Estamos em uma região de belos atributos naturais, mas que também tem problemas sociais e desafios geográficas. Muitas coisas ilícitas passavam por aqui para serem distribuídas para outras partes do país, mas conseguimos, através do apoio do comando regional e do comando-geral da Polícia Militar prestar um bom serviço à população. Atualmente não temos índices alarmantes de violência e vamos continuar atuando para reduzi-los ainda mais”, garantiu o major.
OPERAÇÕES AÉREAS – Um dos principais treinamentos realizados foi o de apoio as operações aéreas de policiamento e resgate. A capacitação ocorreu com o uso de um helicóptero T2 da Casa Militar do Paraná cedido para missões de patrulhamento e resgate no Noroeste do Estado durante o Verão Maior Paraná. Aeronaves do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) e do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) da Polícia Civil também atuam na região.
De acordo com o sargento Elias Goularte, que tem mais de 30 anos de experiência na Polícia Militar e foi responsável por ministrar o treinamento, um dos fatores primordiais para o sucesso das operações com o uso de aeronaves é a boa comunicação entre os tripulantes e os agentes que atuam em terra. “É importante que os policiais saibam que quando estiverem no solo e precisarem do nosso apoio poderemos ajudá-los desde que tenhamos uma comunicação padronizada e eficiente, o que pode ocorrer mesmo sem o uso de radiocomunicadores”, afirmou.
“Com os helicópteros, é possível fazer resgates médicos em rodovias e na água, como é comum aqui na região Noroeste, assim como no mar, na serra e em outras áreas remotas onde não se pode chegar a pé. Na parte policial, trabalhamos no patrulhamento preventivo e no apoio às viaturas, como em cercos em áreas de mata. Enquanto as viaturas demoram de 30 a 40 minutos para circundar uma área, a aeronave consegue fazer esse monitoramento em menos de 5 minutos”, explicou o sargento.
VERÃO MAIOR PARANÁ – Após um mês de atuação na costa Noroeste dentro do Verão Maior Paraná, a Polícia Civil do Paraná efetuou seis prisões e instaurou 11 inquéritos na região, dos quais seis já foram concluídos. O órgão também registrou um homicídio, ocorrido na cidade de Porto Rico, que já foi elucidado. No mesmo período, a 3ª CIPM registrou 144 protocolos de atendimento, que resultaram na detenção de três pessoas, apreensão de uma arma de fogo e na aplicação de 116 infrações de trânsito.