A interação com grandes companhias é uma realidade para os alunos da Escola de Dança Teatro Guaíra, que oferece gratuitamente aulas a crianças e jovens. Neste mês de abril, em que a escola completou 67 anos de fundação, eles tiveram a oportunidade de aprendizado com o Grupo Corpo, reconhecido nacional e internacionalmente.
Quarenta e quatro alunos estiveram com parte do elenco, exatamente no dia 6 de abril, data em que foi criado o Curso de Danças Clássicas do Teatro Guaíra, em 1956, com o objetivo de preparar bailarinos com nível técnico e artístico capaz de formar um Corpo de Baile para o próprio teatro. Era criada, assim, a futura Escola de Dança Teatro Guaíra.
A aula antecedeu a apresentação do grupo no palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão), fechando a programação da 31ª edição do Festival de Curitiba, após uma recente turnê pela Europa.
Na aula especial, os bailarinos Elias Bouza e Rafael Bittar conduziram a turma pelo balé clássico e pela dança contemporânea, respectivamente. “Uma aula com bailarinos profissionais traz um novo repertório aos alunos e aos professores. Temos contato com uma nova dinâmica, uma nova proposta, diferente daquela que fazemos todos os dias. Isso contribui muito para o desenvolvimento de todos”, destaca a diretora da Escola, Larissa Pansera.
A rede de oportunidades se entrelaça a partir da própria localização da escola, que funciona nos estúdios do Centro Cultural Teatro Guaíra, por onde passam e convivem, nos palcos e nos bastidores, grandes nomes da dança, música e teatro, e alunos e ex-alunos da Escola de Dança.
Aos elos dessa rede de contribuições se unem laços profissionais e afetivos. Mariana do Rosário, bailarina do Grupo Corpo, foi aluna da Escola de Dança Teatro Guaíra e atuou no Balé Teatro Guaíra. “Esta minha amiga foi o primeiro contato para a aula dar certo. Embora ela não estivesse nessa turnê, fez questão de que desse certo com outros bailarinos do Grupo Corpo”, conta Larissa.
O segundo momento marcante do mês de aniversário foi com o bailarino Samuel Kavalerski, que ministra oficina no projeto-piloto “Escambo Cinético” para dialogar com a comunidade de dança local. Ele iniciou seus estudos em dança em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado e atuou como bailarino do Balé Teatro Guaíra entre 2000 e 2005.
FUTURO – Para os alunos, as aulas com bailarinos profissionais fundem o presente e o futuro. Os olhos bem atentos para copiar as posições corporais e passos propostos são os mesmos que se abrem para encarar a dança como possibilidade profissional.
“Ter essa vivência de uma aula com bailarinos homens foi muito importante. Foi muito especial porque é um grupo que eu admiro e acompanho. E a gente sai da aula com muita energia, vontade de continuar”, disse o aluno Micahel Welington dos Santos.
Maria Clara Czarnobay Nery, 13 anos, já está na Escola há sete. “Já é metade da minha vida”, diz, rindo. Sobre a experiência, ela conta que seria difícil escolher entre o balé clássico e a dança contemporânea depois da aula. “Eu prefiro dançar o balé clássico, mas a aula de contemporâneo, com os ritmos brasileiros, me fez sentir muito confortável. Amei.”
A colega de turma Mariana Bulka Tkatchukno lembra que no começo estava nervosa. “Mas depois fui me sentindo mais relaxada e aproveitei bem poder estar ali com um professor de fora, com outra técnica e uma energia diferente”, conta.
NOVOS HORIZONTES – Outro exemplo recente dessa rede de interações a que os alunos têm acesso foram os ensaios pré-gerais, gerais e assistindo como plateia aos espetáculos da Companhia de Dança Deborah Colker, no ano passado, da qual Larissa fez parte por sete anos.
Ainda mais recente, o ensaio geral do internacional balé Shen Yun, que se apresentou no mês de março no Teatro Guaíra, pôde ser visto pelos alunos. “E eles têm acesso a todas as obras do Balé Teatro Guaíra, tanto nos ensaios gerais como na plateia”, conclui a diretora da Escola.