Mesmo com redução de acidentes envolvendo cargas perigosas na BR-376, próximo ao Litoral, o Instituto Água e Terra (IAT) incentivou um debate acerca da prevenção e do atendimento adequado a esses desastres. A audiência pública aconteceu nesta quinta-feira (28) na Assembleia Legislativa.
O debate teve como foco o trecho da rodovia entre os quilômetros 664 e 682, na descida da Serra do Mar, no sentido Paraná-Santa Catarina. Em 2020, foram registrados 12 acidentes envolvendo cargas com produtos perigosos na região, o menor número em quatro anos. Em 2019 foram 25 acidentes; em 2018, 33; e, em 2017, 38 ocorrências. Somando os quatro anos, chega a 108 o número de acidentes na região do Litoral.
Durante a audiência pública, foram apontadas demandas e possíveis ações a serem realizadas por todos os órgãos envolvidos, como a elaboração de um protocolo unificado no atendimento a emergências, aquisição de veículos para regiões com maiores incidências de acidentes e capacitação contínua de profissionais.
O diretor-presidente do IAT, José Volnei Bisognin, destacou as ações já desenvolvidas em conjunto com diversas instituições para minimizar os impactos ambientais causados por essas ocorrências. “Pelo Paraná passa muita carga perigosa. Temos como base a Portaria IAT 312/2019, somos membros da Comissão Estadual de Defesa Civil, firmamos convênios com o Batalhão de Polícia Ambiental do Paraná, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, entre outras ações como capacitação dos envolvidos”, disse.
Bisognin lembrou, ainda, que os acidentes com cargas perigosas exigem a coleta de material para análise em laboratório a fim de identificar os danos causados pelos produtos, especialmente em rios e no solo. “É preciso comprovar a poluição”, disse. Segundo ele, em todo o Paraná, em 2020 e 2021, foram feitos cerca de 100 atendimentos, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba.
"A integração e a parceria entre as instituições por meio da comissão de produtos perigosos é muito importante e tem proporcionado benefícios para a população paranaense na adoção de mecanismos de proteção, como é o caso do projeto das bacias de contenção, e na aquisição de materiais que garantem maior segurança nas emergências com produtos perigosos", destacou o coronel Fernando Raimundo Schünig, coordenador Estadual da Defesa Civil.
"A audiência pública serviu para reforçar a importância do tema para que outras melhorias continuem a ser implementadas, além de apresentar o trabalho que tem sido realizado pelas instituições do Estado", complementou.
RODOVIA – Mais de 70% da extensão da BR-376 está localizada no Paraná. A rodovia conta hoje com área de escape, sinalização, controladores de velocidade e iluminação. As principais causas apontadas por um estudo do Ibama, e apresentado na audiência pública, são alta velocidade, falta de atenção e falhas mecânicas dos veículos.
Segundo o biólogo e coordenador estadual de acidentes ambientais do IAT, José Adailton Caetano, existe uma grande preocupação com a conservação ambiental, nos casos de acidentes na região da Serra do Mar, pela proximidade com áreas de preservação. “Esses traçados são antigos, com muitas curvas. O IAT estuda atualmente um projeto de proteção para a Bacia do Rio São João, localizado às margens da rodovia e alvo de poluição por conta de acidentes ambientais”, explicou.
O Rio São João sofreu com dois acidentes envolvendo veículos que transportavam cargas perigosas e produtos inflamáveis. O local, utilizado para prática de esportes e lazer, chegou a ficar interditado por um ano por oferecer riscos à saúde da população com a existência de produtos tóxicos na água. “É necessário controlar a poluição quando ocorrem esses acidentes”, lembrou Caetano.
AUDIÊNCIA – A audiência foi proposta pela Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa e contou com a participação de técnicos do Dnit, DER/PR, Polícia Rodoviária Federal, Agência Nacional de Transporte Terrestre; Prefeitura Municipal de Garuva e Defesa Civil de Guaratuba.