O investimento de R$ 1.065.330,98 do Governo do Estado no Teatro Municipal de Assis Chateaubriand, na região Oeste do Paraná, é como a luz que antecede o início do espetáculo. Esse é o primeiro aporte estadual na estrutura que começou a ser erguida em 2003 e até hoje não ficou pronta, tal qual uma novela que foi escrita sem ponto final.
Os recursos são da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas e foram liberados pelo Sistema de Financiamento aos Municípios (SMF), operacionalizado pela Fomento Paraná e pelo Paranacidade. Além da finalização do teatro, eles estão sendo usados na reforma da Casa da Cultura, sede dos liceus artísticos e espécie de porta de entrada da música, da história e da educação cultural no município que empresta o nome de um dos jornalistas mais influentes da história do Brasil.
“Essa é a nona etapa de construção do Teatro Municipal de Assis Chateaubriand. Chegou a vez de tirar essa grande história do papel. Temos um compromisso com as obras inacabadas, ou aquelas emperradas, mas principalmente em fomentar a criação de espaços como esses nos municípios”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “O Oeste tem contribuído de maneira incrível com a projeção do Paraná, e finalmente terá um palco para contar essa história para as próximas gerações”.
Os recursos para o Teatro Municipal envolvem toda a parte de urbanização externa, estacionamento para 57 vagas e reparos finais na parte estrutural, das estruturas metálicas das janelas ao forro, passando pela revisão das barras antipânico das saídas de emergência. Já a Casa da Cultura recebe modernizações hidráulicas e elétricas, uma nova caixa d’água, sistema de prevenção contra incêndios, piso, forro, e novas divisórias e banheiros, além do elevador de acessibilidade e uma nova fachada.
A área total é de quase 4 mil metros quadrados (3.998,22 m²), exatamente ao lado do paço municipal. O contrato de financiamento foi firmado em 18 de novembro de 2019 e as obras iniciaram no dia 03 de fevereiro. A última medição indica quase 35% de conclusão, prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
“O Governo do Estado tem um compromisso em promover cidades cada vez mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis, além da missão de salvaguardar o patrimônio cultural e natural do Paraná. Essas duas diretrizes são a base desse investimento nos espaços culturais de Assis Chateaubriand”, afirma João Carlos Ortega, secretário estadual do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas. “Estamos agindo dentro do escopo da Agenda 2030, série de diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) para um novo ciclo virtuoso nos países”.
A ideia do projeto é colocar Assis Chateaubriand definitivamente na rota cultural do Estado. Atualmente os grandes centros do Oeste estão em Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo. “O sonho é colocar o município no circuito de entretenimento, da dança, do teatro, da cultura. Esse espaço também servirá para formaturas e eventos. É o maior teatro em construção e uma obra grandiosa para a cultura do Paraná”, acrescenta o secretário de Administração e da Previdência, Marcel Micheletto, que é da cidade.
TEATRO – O Teatro Municipal de Assis Chateaubriand, ou Teatro Municipal Moacir Micheletto (in memoriam), em homenagem ao ex-prefeito e ex-deputado federal, vem sendo pensado desde a virada do século. Em 2002 o conceito virou um primeiro projeto arquitetônico, assinado por Sergio Isidoro, funcionário aposentado do Teatro Guaíra, que é um dos principais símbolos de Curitiba e do cenário teatral mundial.
“Tecnicamente ele é fantástico, tem o padrão de qualidade do projeto do Guaíra, que é uma referência no mundo. O que mais impacta nesse ramo é o dimensionamento das áreas de palco e cena, o que chamamos de caixa cênica, que são muito específicos. Qualquer empecilho impõe restrições técnicas aos espetáculos. O teatro de Assis Chateaubriand foi pensado dentro do melhor padrão técnico do mundo”, afirma o arquiteto.
A estrutura, que ocupa uma quadra inteira, vizinha a uma alameda de palmeiras, começou a ganhar tijolos em 2003 e hoje está na nona etapa de execução. As obras chegaram a ficar paralisadas por oito anos.
O projeto nunca teve um grande investimento capaz de englobar tudo o que seria necessário para a grande noite da estreia, do prédio às poltronas reclináveis instaladas em chão de carpete. É como se a prefeitura recebesse uma caixa de Lego incompleta e precisasse comprar novas peças conforme as primeiras iam se encaixando.
Uma dessas etapas passadas, por exemplo, ainda está em execução. A oitava (federal) e a nona (estadual) são correlatas. Trata-se de um contrato com o Ministério da Cultura. Ainda estão faltando cerca de R$ 500 mil (de uma parte de R$ 1,5 milhão) em serviços com a empresa de São Paulo que ganhou a licitação. Ela é responsável por lixar o chão do palco, instalar o revestimento de carpete no chão e nas escadas internas, pintura, cortina corta-fogo, a famosa cortina nobre, o guarda-corpo de vidro da plateia superior, instalações elétricas para o palco e os quadros de comando.
Esse contrato com o governo federal, por exemplo, também ajudou a prefeitura a adequar o teatro ao sistema de prevenção contra incêndios da atual legislação, que não tinha o rigor técnico de quando o esboço saiu do papel. Ou seja, por fora e por dentro a obra já tem jeitão de teatro ou casa de espetáculos, mas ainda restam detalhes estruturais e os equipamentos de som e iluminação para que a sinfonia faça sentido aos ouvidos, o que deve ser vencido na décima etapa, a derradeira.
“O que ainda não está contratado são os equipamentos de som, a iluminação, e as 834 poltronas, que vão exigir investimentos de, pelo menos, mais R$ 1,5 milhão”, destaca Israel Devecchi, engenheiro civil da prefeitura de Assis Chateaubriand, responsável pelas obras. “Antigamente eram apenas emendas federais, tínhamos menos recursos. Mas esse apoio do Governo do Estado vem em boa hora para agilizar a conclusão do Teatro Municipal”.
O investimento global deve ultrapassar R$ 10 milhões, envolvendo os capítulos anteriores e o futuro, com utilização de recursos municipais, estaduais, federais e de emendas parlamentares. Todo esse trabalho foi essencial para a construção do prédio que mistura fachada espelhada com uma estrutura rígida de poucas janelas.
FOTOGRAFIA – Numa fotografia atual, o Teatro Municipal contém um amplo hall de entrada com escadas de mármore para acessar as duas plateias de 834 lugares e todo o desenho declivado que antecede a instalação das poltronas. As paredes já receberam pintura e placas de gesso em alto-relevo para ajudar a acústica (diminui a reverberação) e o ambiente já tem todas as entradas e saídas de ar para os climatizadores.
As instalações do palco estão praticamente concluídas, inclusive pesos e contrapesos do cenário, projetor de tela para cinema e cortinas para reservar as coxias. E, atrás do palco, em dois andares, estão finalizadas duas salas de ensaio espelhadas com barras fixas, seis camarins, sanitários, sala de recepção e preparação e acesso ao estacionamento, restando apenas retoques na pintura e nos forros.
CASA DA CULTURA – O investimento estadual também engloba novos espaços para a biblioteca pública, saguão de exposição, área de livre circulação, setor administrativo, salas de aula, cozinha, sanitários, depósitos, almoxarifado e estacionamento, o mesmo do Teatro Municipal, na Casa da Cultura, que é a sede da Secretaria Municipal de Cultura.
As principais obras envolvem a instalação de um contrapiso para o novo piso, a criação do espaço destinado para a plataforma de cadeirantes, os novos banheiros e a pintura e readequação dos espaços que são destinados a fomentar a cultura no público infantojuvenil.
A Casa da Cultura foi inaugurada no final dos anos 1990, mas a construção iniciou nos anos 1980. Essa é a sua primeira grande reforma.
“A revitalização da Casa da Cultura foi feita quase integralmente com recursos do Governo do Estado. Ela é um espaço dedicado ao ensino e pesquisa, à prática, às aulas de música, jazz, grafite, capoeira, dança, teatro e fotografia”, afirma Israel Devecchi. “A prefeitura estabeleceu esse espaço como ponto de encontro dos projetos das escolas municipais e estaduais. Ou seja, é um lugar de convergência”.
As obras também envolvem a troca do policarbonato da fachada, desgastada pela ação do tempo, e a restauração de algumas obras do artista plástico paranaense Nelson Bárbara Bucalão, reconhecido nacional e internacionalmente pela arte sacra. As suas peças em concreto e metal ajudam a adornar essa nova quadra cultural da cidade.
“Assis Chateaubriand é um dos maiores municípios do Estado, sexto maior do Oeste. E os investimentos que estão acontecendo na região devem atrair novos empregos, novas pessoas. Hoje é um polo microrregional. Esses espaços culturais serão fundamentais para gerar entretenimento, eventos, fomentar a cultura local”, afirma Marcel Micheletto.
O museu da revitalizada Casa da Cultura ajudará a contar um pouco dessa trajetória iniciada há 54 anos. “A cidade nasceu homenageando uma personalidade como Assis Chateaubriand, um dos principais nomes da comunicação do País. Temos uma história bonita para contar. A Casa da Cultura também será um dos centros dessa memória”, arremata o secretário estadual da Administração e da Previdência.