O Arquivo Público do Paraná, vinculado à Secretaria da Administração e da Previdência, virou, nesta sexta-feira (31), um dos cenários para um documentário que contará a história da família Urban, que residiu no Paraná. A família tem grandes personagens da história nacional, como a jornalista Teresa Urban, o fotógrafo João Urban, além de Antonio Urban e Maria de Lourdes Urban Kleinke, irmãos de Teresa e João, e Maria Lúcia de Paula Urban, companheira de Antonio. O pano de fundo é o cenário da Ditadura Militar, instaurada há 59 anos.
As cenas gravadas no Arquivo Público fazem um resgate documental do que foi registrado pela então Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), sobre os membros da família.
“Essa história é de todos nós e a Teresa costumava falar que ‘onde os ventos do esquecimento batem, abrem-se as portas para o terror voltar’. Dessa forma, o objetivo é, a partir dessa família, que também criou formas de se cuidar e se acolher em meio aos tempos difíceis, ativar memórias e aproximar as pessoas dessa narrativa”, explica o diretor do documentário, Rafael Urban, também primo dos personagens.
O documentário, chamado provisoriamente de “Batista”, codinome utilizado por Teresa durante a ditadura, é um dos projetos contemplados por um edital da Secretaria de Estado da Cultura, na categoria de documentário com temática paranaense. A expectativa é lançar a obra no primeiro semestre de 2024.
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Com a extinção da Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), após o fim da Ditadura Militar, toda a documentação no Paraná foi transferida, por meio do decreto estadual nº 577/91, para o Arquivo Público do Estado.
No acervo, são três tipos de documentos: fichas individuais, pastas individuais (dossiês) e pastas temáticas. As fichas individuais eram os primeiros registros feitos sobre as pessoas consideradas subversivas. Caso fossem fichadas outras vezes ou novos materiais fossem coletados, eram criadas as pastas individuais. As pastas temáticas tratam sobre grupos específicos como clubes, jornais, teatros, sindicatos, entre outros.
O Arquivo Público possui 47.382 fichas individuais, 3.778 pastas individuais e 2.574 pastas temáticas e o acesso aos documentos é livre e aberto ao público conforme o Decreto nº 8.557, de 22 de julho de 2013, que permite a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso irrestrito aos documentos. Os acervos estão digitalizados e foram muito usado durante a Comissão Nacional e Comissão Estadual da Verdade, instauradas em 2011 para investigar o período.