Após ajudar municípios atingidos pelas chuvas, técnicos do Paraná relatam trabalho em São Paulo

Durante três dias de trabalho, os paranaenses atuaram na verificação de documentos necessários para homologação da situação de emergência nos municípios afetados na região. Eles também ajudaram na criação de centros de assistência humanitária.
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28/02/2023 - 17:40
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A equipe da Defesa Civil do Paraná enviada no dia 23 de fevereiro ao litoral norte de São Paulo retornou no último domingo (26) ao Paraná, após auxiliar o trabalho de assistência humanitária desenvolvido nos municípios afetados pelas chuvas na região. O reforço teve como foco o suporte às equipes locais na elaboração da documentação para acesso a recursos de resposta aos desastres e também na criação de centros de assistência humanitária.

O apoio foi solicitado pela Defesa Civil de São Paulo após o governador Carlos Massa Ratinho Junior oferecer o suporte do Paraná ao estado vizinho. O major Daniel Lorenzetto, o capitão Anderson Gomes das Neves e o cabo Silvio de Araújo Correia ficaram no Posto de Comando de São Sebastião, cidade com o maior número de afetados pelas chuvas durante o Carnaval. Os deslizamentos de terra que causaram, em todas os municípios, a morte de 65 pessoas até o momento.

“Foi um orgulho representar o nosso Estado, contribuir com a nossa experiência, sugerir coisas e aprender também com a organização. É uma situação muito triste, cada ocorrência tem sua particularidade, mas ficamos felizes em poder contribuir de alguma maneira”, ressaltou Lorenzetto. A equipe se reuniu todos os dias desde que chegou com o comitê de gestão composto pelos outros órgãos presentes na cidade, onde foram definidas as demandas de trabalho.

Os três profissionais têm grande experiência na gestão de desastres. O major Daniel e o capitão Gomes fazem parte do Grupo de Apoio a Desastres (Gade), da Defesa Civil Nacional, e já auxiliaram em eventos como as inundações no Sul da Bahia, em 2021, e os deslizamentos de terra em Petrópolis (RJ), no ano passado.

TRABALHO – Durante três dias de trabalho, os paranaenses atuaram na verificação de documentos necessários para homologação da situação de emergência nos municípios afetados na região. Além de São Sebastião, as cidades que decretaram situação de emergência foram Ubatuba, Caraguatá, Bertioga, Ilhabela e Guarujá. Com isso, todas já tiveram acesso aos recursos estaduais e federais que permitem a assistência humanitária e ações de restabelecimento e reconstrução dos locais atingidos.

Outra frente de apoio foi na criação de centros de distribuição e assistência humanitária. “Reunimos secretários para assessorar a criação do espaço, orientamos conforme nossa experiência a melhor escolha de local para a construção de um centro logístico, o que tinha que comprar, como receber, armazenar e distribuir os itens à população", disse o major.

Os profissionais também auxiliaram no desenvolvimento de planos de trabalho de limpeza urbana, e prestaram apoio à Defesa Civil de São Sebastião no mapeamento de áreas de risco. “Fomos para Boiçucanga, um local no município que foi muito atingido e tinha muitas residências em área de risco. Passamos o dia lá, até quase oito da noite, fazendo avaliação com geólogos para gerar um relatório sugerindo a retirada dessas pessoas”, afirmou.

Outro trabalho foi relacionado à busca de vítimas. “Sugerimos uma pesquisa de inteligência para ver qual seria a melhor forma de conseguir chegar num número exato de desaparecidos. Verificamos as famílias que tinham dado falta de pessoas, sugerimos um link com a Polícia Civil e o IML para fazer o confronto dos dados”, afirmou Lorenzetto.

EXPERIÊNCIA – O Paraná tem grande expertise na gestão de desastres, com trabalho tanto de resposta imediata às pessoas afetadas, como no auxílio aos municípios na elaboração de decretos de situação de emergência ou de estado de calamidade pública.

Com as informações técnicas contidas nesses decretos, as prefeituras conseguem ter acesso aos recursos estaduais e federais que permitem a assistência humanitária e ações de restabelecimento e reconstrução dos locais atingidos. Entre a documentação reunida para a elaboração dos decretos estão formulários de avaliação de danos, mapas das áreas afetadas e relatórios sobre a intensidade do impacto social dos desastres.

Segundo o major, essa foi também a oportunidade de aprimorar as técnicas de gestão de desastres, com um trabalho conjunto com equipes de outros estados. “A tendência hoje é que esses desastres que ocorrem no Brasil desloquem equipes de vários estados. É uma troca de experiência muito grande, cada um vivenciou uma ocorrência durante sua atividade e consegue ter um olhar de resolução baseado no que aconteceu, trazendo exemplos positivos”, disse.

Ele destacou que as possibilidades de resgate foram ampliadas graças ao acesso a outras tecnologias. “Conhecemos um navio atlântico com recursos de engenharia e capacidade de atender as pessoas com leito de hospital, UTI, área odontológica, alojamento para aeronaves. É um recurso que você vê de perto, sabe que se acontecer algo no nosso Litoral pode solicitar”, explicou o major.

TRAGÉDIA – Segundo o último boletim do Governo de São Paulo, divulgado por volta das 11h nesta terça-feira (28), até o momento, 65 óbitos foram confirmados, sendo 64 em São Sebastião e um em Ubatuba. Equipes do município de São Sebastião, com psicólogas e assistentes sociais, fazem um trabalho de acolhimento dos familiares das vítimas. Já foram identificados e liberados para o sepultamento 57 pessoas. São 21 homens adultos, 17 mulheres adultas e 19 crianças.

Atualmente, a prioridade segue no socorro às vítimas e no atendimento aos mais de 1.090 desalojados e 1.126 desabrigados. Desde o último dia 19, mais de 1.000 pessoas entre, policiais militares, bombeiros, técnicos da defesa civil e profissionais de saúde do Governo do Estado de São Paulo, das Forças Armadas, da Polícia Federal, da prefeitura municipal de São Sebastião e voluntários participam das ações de busca e salvamento.

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