Egressa da rede estadual de ensino, Isaura Vieira Barboza, de 19 anos, está representando o Paraná na Expo-Sciences Asia 2022, que acontece nesta semana em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Mineira de nascimento, a estudante cursou o ensino médio no Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, em Toledo, por acreditar na educação pública de qualidade.
“Isaura veio para o Paraná para cursar o ensino médio e fazer parte do clube de ciências. Concluiu e voltou para Minas, mas está indo representar nossa escola – a feira deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiada. Estou muito orgulhosa da Isaura”, comenta a professora orientadora do trabalho, Dionéia Schauren.
A aluna estudava em escola particular na cidade em que morava, em Minas. “Saí de lá e por causa dessa escolha cheguei aqui. Ganhar vários prêmios em feiras de ciências já era uma coisa distante da minha realidade, mas jamais imaginei que sairia de uma cidade no Interior de Minas Gerais para estudar numa escola pública no Sul do país e chegar a Dubai um dia”, relata.
Para Isaura, o trabalho realizado no colégio foi fundamental para seu desenvolvimento. “O colégio ajudou bastante com incentivo, o trabalho, era incrível diretor e professores incentivando os alunos a quererem buscar as coisas. O clube de ciências também não se limitou por ser de uma escola pública. Todo mundo ajudava para angariar recursos, com venda de produtos, rifas”, conta.
FEIRA – A feira da qual Isaura está participando é um dos maiores eventos científicos do mundo, realizado pelo Movimento Internacional para o Recreio Científico (MILSET), onde se apresentam participantes de mais de 30 países. O trabalho da estudante, sobre o uso de diferentes concentrações de extratos de suculentas no controle do bolor da casca da laranja, foi desenvolvido no Clube de Ciências do colégio e laureado em várias mostras.
Em 2019, o trabalho ganhou o primeiro lugar de Ciências Biológicas da Fenecit (Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia), que lhe garantiu credencial para o evento nos Emirados.
“O projeto é sobre um controle alternativo para o fungo que ataca a laranja, o penicillium digitatum. Escolhi as suculentas, pois são plantas com alguma propriedade medicinal e com reprodução muito rápida, fiz extratos vegetais aquosos com essas plantas em quatro concentrações diferentes e fui testando para a inibição”, explica.
“Tive um resultado de 74% de taxa de inibição depois de testes e análises estatísticas de 100 gramas por litro de hortelã (grosso ou boldo, o nome depende da região)”, detalha a estudante, que optou pelo projeto como opção alternativa do uso de agroquímicos nas plantações.
APRESENTAÇÕES – Durante a semana ela fez apresentações de seu trabalho, participou de workshops e também fez passeios pela cidade, como pela Expo Dubai, exposição mundial que o Estado do Paraná participou no ano passado e que vai até o fim de março deste ano. No mês que vem, Isaura começa a cursar a faculdade de Ciências Biológicas na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto-MG).