A estudante Hanna Kirsch, da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Fritz Kliewer, na Colônia Witmarsum, em Palmeira, nos Campos Gerais, foi a vencedora da etapa nacional do Jugend debattiert, concurso de debates na Língua Alemã promovido em todo o mundo pela ZfA - Zentralstelle für das Auslandsschulwesen, a Agência Central de Escolas no Exterior, órgão do governo alemão, e aqui no Brasil também pelo Instituto Ivoti.
Neste ano o evento aconteceu de forma online nos dias 17 e 18 de junho, e contou com a participação de 24 alunos de 15 escolas do Brasil com alto nível de proficiência, sendo a Fritz Kliewer a única pública. Além de Hanna, Milena Zittel também representou o Paraná e a Fritz Kliewer, chegando à semifinal.
“Ficamos muito felizes com o resultado das meninas. Existe todo um preparo dos professores e de como ensinar as técnicas de debate aos alunos, o que no Brasil em geral não se aprende”, diz a diretora Monika Penner Pauls.
Com a conquista, Hanna vai disputar, em outubro, a etapa sul-americana do Jugend debattiert, provavelmente também de maneira online. Um outro aluno do Rio Grande do Sul, que ficou em segundo lugar, também se classificou para a etapa continental. Os vencedores vão à etapa final na Alemanha, ainda sem previsão de data.
“Sempre tive o alemão muito presente em casa, minha mãe veio ainda criança para o Brasil e os meus avós por parte de pai também são alemães. Cresci com as duas línguas, mas a minha língua materna é o Português”, diz Hanna.
Mesmo com toda a vivência em outra língua, com ligações para parentes no Exterior, filmes e livros, Hanna explica que a escola ajudou bastante no aprendizado. “Foi muito importante para aperfeiçoar, principalmente com a gramática e no desenvolvimento para expressar opinião. O alemão tem esse lado de ser crítico e debater vários assuntos”, afirma.
JUGEND DEBATTIERT – Além de debates em alto nível linguístico, o concurso requer conhecimento, uma vez que os temas debatidos são relevantes e complexos, como doação de órgãos, criação em massa de animais e obrigatoriedade do voto – os temas desta edição, informados aos participantes apenas uma semana antes do evento.
“Foi uma semana de muita leitura e pesquisa sobre os assuntos, até porque não sabíamos qual lado iríamos defender”, explica Hanna.
Em cada rodada os estudantes são divididos em grupos de quatro, e subdivididos em duplas, sendo que cada dupla precisa defender o tema escolhido com argumentos a favor ou contra o assunto. O lado do posicionamento a ser defendido é determinado por sorteio e, até por isso, o que define os vencedores pela escolha dos jurados é a argumentação.
Esta é a segunda participação do Colégio Fritz Kliewer na competição. Na primeira em 2019, dois estudantes foram semifinalistas na etapa nacional realizada no Rio de Janeiro. No ano passado, já com o modelo online, a escola acabou não participando.
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Neste ano, além da preparação das próprias escolas, a organização do evento promoveu uma formação de cinco encontros com ex-vencedores do concurso, que deram orientações, dicas e explicaram os principais critérios de avaliação.
ALEMÃO E CONVÊNIO – Com 220 alunos dentro da principal colônia de imigrantes alemães nos Campos Gerais, o Colégio Fritz Kliewer é a única escola pública com convênio com a ZfA, o que permite à instituição receber recursos para a aquisição de materiais didáticos e formação de professores.
Anteriormente privado, o colégio passou para a administração do Estado há mais de uma década e manteve características originais, como a carga horária maior e o ensino da Língua Alemã na matriz curricular, com aulas para todas as séries, sendo quatro semanais para as do Fundamental e três para as do Médio, divididas em dois níveis: um para os alunos que têm mais domínio do idioma, e conversam em casa com os pais, e outro para os estudantes que só aprenderam o alemão na escola.
Junto ao ensino de alemão, o convênio permite aos alunos realizarem gratuitamente um teste de proficiência na língua, com o qual futuramente podem cursar faculdades na Alemanha, além da possibilidade de concorrer anualmente a uma seleção para intercâmbio de curta duração no país europeu.
“Já tivemos vários alunos em anos anteriores que passaram por essa experiência custeada pelo governo alemão, mesmo com a forte concorrência dos colégios particulares de diferentes estados”, diz a coordenadora de Alemão da escola, Sabine Kreusch.
Ela lembra que os valores que recebem da ZfA dependem das aprovações dos testes realizados pelos estudantes, o que estimula a escola a seguir evoluindo no ensino. “O preparo para o concurso em si acontece dentro da própria aula de alemão, até porque condiz com a prova de proficiência”, afirma.