Antes de chegar às torneiras dos consumidores, a água da Sanepar passa por um rigoroso controle de qualidade. São realizadas análises que envolvem 99 parâmetros, divididos em físico-químicos, microbiológicos, orgânicos e metais, e que vão desde a captação, saída das estações de tratamento e nas redes de distribuição. Por ano, são feitos cerca de 7,5 milhões de parâmetros nos laboratórios operacionais e em quatro grandes laboratórios centrais.
Essa complexa estrutura de laboratórios funciona 24 horas por dia para verificar se a água produzida está dentro dos padrões de qualidade definidos pelo Ministério da Saúde. Alguns são analisados de hora em hora, outros são diários, semanais, mensais, semestrais e anuais. Somente após esses processos é que a água é distribuída para quase 11 milhões de pessoas em 346 municípios.
A Sanepar produz água em 168 estações de tratamento (ETAs) e 1.154 poços. Nos poços, são feitas análises no mínimo duas vezes por semana, além daquelas mensais, semestrais e a anual de outorga. Nas estações de tratamento de água dos rios, as análises são ocorrem de hora em hora, 24 horas por dia, com a avaliação de parâmetros operacionais para liberar o produto para consumo.
Esse trabalho é feito por 153 laboratórios descentralizados. O processo começa na água bruta, como é chamada a água captada diretamente dos rios. A partir dessa análise, a equipe técnica quantifica os produtos que devem ser aplicados nesta fase, antes de ir para as estações de tratamento.
A água bruta também precisa estar de acordo com parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde. Registrada qualquer alteração, a Sanepar pode interromper a captação. Isso ocorre quando os índices de turbidez estão muito elevados ou se há algum contaminante que não poderá ser retirado pelo tratamento.
QUALIDADE ELEVADA – Quando a água chega às estações, novos parâmetros são analisados, em cada fase do processo. Assim que atinge os padrões de potabilidade pode, enfim, ser distribuída, com quantidade de cloro suficiente para garantir que continue potável dentro da tubulação até as residências.
E o processo de avaliação de qualidade não para. Existem pontos estratégicos na rede de distribuição definidos pelo Ministério da Saúde, onde são realizadas coletas e análises da água para certificar que o padrão de qualidade se mantenha.
As análises mais sofisticadas, como de orgânicos (pesticidas, agrotóxicos e voláteis), metais, cianobactérias e suas toxinas, acontecem em quatro grandes laboratórios centrais, localizados em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel.
Referências no setor de saneamento do Brasil, esses laboratórios são bastante modernos, bem estruturados, com equipamentos de ponta e certificações de qualidade. Em 2014, a Sanepar tornou-se uma das primeiras companhias estaduais de saneamento do Brasil a ser autossuficiente na análise de todos os 99 parâmetros de comprovação da potabilidade da água distribuída para a população.
A cada ciclo de seis ou sete anos, a companhia atualiza os equipamentos para que não se tornem obsoletos com relação às exigências legais. “Essa atualização dá mais segurança ao nosso trabalho”, explica a gerente de Avaliação de Conformidades da Sanepar, a farmacêutica Cynthia Castro Corrêa Malaghini, responsável técnica pelas análises laboratoriais da Sanepar.
Ela coordena uma equipe de 106 profissionais com diversas formações como biólogos, farmacêuticos, químicos, tecnólogos, engenheiros e técnicos químicos, de saneamento, alimentos e ambiental. Além das análises de avaliação de conformidade, a equipe faz auditoria nos laboratórios descentralizados das estações de tratamento, a calibração dos equipamentos utilizados para as análises operacionais, e treinamento a atualização dos operadores. “Essa rotina de auditorias, calibrações e treinamentos garante a qualidade das análises operacionais e do produto final, a água potável”, afirma Cynthia.
Análises servem de base para processos de tratamento
Os resultados das análises da água balizam a tomada de decisões e até alterações no processo de tratamento. O vazamento de combustível, em maio de 2020, que afetou o Rio Despique, em Fazenda Rio Grande, foi detectado pela Sanepar antes mesmo da empresa de transporte e logística de combustíveis responsável, que teve um oleoduto rompido em São José dos Pinhais, em um furto de combustível.
O mesmo rigor é mantido para avaliar a qualidade dos 1.165 poços de extração de água subterrânea que a Sanepar mantém em operação no Estado. Ao definir por uma perfuração, a qualidade da água do poço é tão importante quanto a vazão.
“Não basta saber a quantidade de água que vai sair do poço. Precisamos saber também qual a qualidade dessa água”, afirma o gerente de Hidrogeologia da Sanepar, João Horácio Pereira. Nos últimos 20 anos, a Sanepar perfurou 1.466 poços. Desses, 301 tiveram que ser descartados antes de entrar em operação, sendo que 84 (6%) devido à água imprópria para consumo humano.
“Toda vez que perfuramos um poço, é feita coleta e uma análise criteriosa da qualidade da água. Sem esses resultados não damos continuidade ao processo de operacionalização do poço”, explica João Horácio.