A Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento alerta os produtores que neste sábado, dia 15 de maio, termina o prazo para a colheita ou dessecação da soja no Paraná. O objetivo é preparar as áreas de cultivo para o vazio sanitário, período no qual é proibido semear ou manter plantas vivas de soja no campo.
O vazio sanitário visa reduzir a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, considerada a principal doença da soja, devido à rapidez com que se dissemina nas plantas e seu potencial destrutivo. A medida busca evitar a possibilidade de ocorrência da doença durante a safra.
No Paraná, o vazio sanitário acontece no período de 10 de junho a 10 de setembro. O dia 9 de junho é o prazo final para a eliminação de plantas vivas nas propriedades rurais.
As determinações e prazos estão previstos na Portaria 342/2019 da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), e seu cumprimento é obrigatório. Os produtores rurais que não cumprirem as recomendações estão sujeitos à aplicação de multas e, em casos mais graves, interdição da propriedade.
Além do vazio sanitário, as estratégias de manejo da doença incluem a utilização de cultivares precoces e a semeadura no início da época recomendada, para que o fungo não ataque plantas muito jovens e a doença se desenvolva com mais severidade; o uso de cultivares com genes de resistência e de fungicidas.
ALERTA FERRUGEM – Há três safras, os sojicultores paranaenses contam com o serviço Alerta Ferrugem, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), que monitora a ocorrência dos primeiros esporos de ferrugem asiática nas lavouras de soja. O Alerta Ferrugem fornece informações que auxiliam na decisão sobre o melhor momento para a aplicação de fungicidas – que não seja de forma precoce, que leva ao desperdício de produto, ou tardia, comprometendo a produtividade.
Com isso, o uso de agroquímicos obedece a critérios estritamente técnicos, levando em consideração três fatores: lavouras no período de florescimento, presença de esporos na região e ambiente favorável para o desenvolvimento da doença.
“Os dados são um indicativo de que o fungo está circulando no ambiente. É um alerta para subsidiar os agricultores e assistência técnica com relação ao momento em que a doença está entrando nas lavouras”, explica Edivan José Possamai, coordenador estadual do Programa Grãos do IDR-Paraná. “A cada três aplicações de um agricultor que não usa as informações do Alerta Ferrugem, o que usa faz apenas uma aplicação”.
De acordo com Possamai, a ferramenta também mostra a importância do vazio sanitário, pois, quanto há cumprimento correto da medida, a doença aparece mais tardiamente nas lavouras. Na safra 2020/21, foram registradas 208 confirmações de esporos, de 249 coletores instalados em propriedades estrategicamente selecionadas nas regiões produtoras no Estado. Na temporada anterior, foram 169 casos.
CLIMA FAVORECE – O clima úmido e temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento do fungo da ferrugem asiática, que se propaga facilmente pelo vento e pode incidir em qualquer estágio da cultura. Dependendo da intensidade e severidade da doença, os danos podem causar perdas de produtividade de até 90%.
Por isso, em um período de 90 dias, nenhuma planta de soja deve existir nas lavouras paranaenses. “O fungo causador da ferrugem asiática precisa da planta de soja para sobreviver. Portanto, o vazio sanitário é importante para evitar a disseminação, reduzir sua presença no ambiente e garantir o retardamento dos primeiros focos na próxima safra. A principal forma de controle é o manejo precoce”, informa Ana Paula Kowalski, técnica do Sistema Federação da Agricultura do Paraná.
PREJUÍZOS – De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem, a doença possui um custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, incluindo métodos de controle e prejuízos com perdas. O Paraná é um dos estados que mais sofrem com a ferrugem asiática no País. No ciclo 2020/21 foram registradas 100 ocorrências da doença em planta, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 138.
A pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas, reforça que o controle da ferrugem asiática começa antes mesmo do início do vazio sanitário, com a eliminação de plantas que possam servir de hospedeiro para o fungo. Quanto mais cedo a doença chega nas lavouras, maiores são as chances de severidade e, consequentemente, de perdas expressivas.
“O vazio sanitário aliado ao monitoramento dos esporos significa adiamento seguro das aplicações de fungicida. Com essas informações, o produtor vai poder fazer o controle no momento adequado”, acrescenta.
CONTROLE – A utilização de coletores de esporos (estrutura do fungo com alta capacidade de proliferação e que dá início à doença) tem se consolidado como uma técnica confiável para aperfeiçoar o manejo da ferrugem asiática nas lavouras. O coletor é um equipamento que detecta os esporos do fungo e auxilia técnicos e produtores na tomada de decisão sobre o momento da aplicação de fungicida.
A técnica inibe as chamadas “pulverizações calendarizadas”, que obedecem a um cronograma previamente definido, realizadas mesmo sem saber se há presença do fungo na lavoura. As aplicações desnecessárias acarretam em aumento do custo de produção, além de reduzir a eficácia dos fungicidas.
“A identificação dos esporos permite a realização do manejo precoce com uso adequado de fungicidas. E evitar que os produtos disponíveis no mercado percam eficiência de controle”, afirma Ana Paula.