Em 35 dias, as aeronaves do Governo do Estado já transportaram 4.569 amostras de material para testes do novo coronavírus, em 18 regionais de Saúde do Paraná, segundo levantamento da Casa Militar, órgão responsável pela operação. Apenas a Região Metropolitana de Curitiba, Paranaguá, Irati e Ponta Grossa não participam da logística aérea pela proximidade com São José dos Pinhais, onde os testes são realizados.
As aeronaves contabilizaram 219 horas e 53 minutos de voo em pouco mais de um mês (24 de março a 27 de abril), o que significa mais de nove dias ininterruptos de deslocamento. A frota é composta por quatro aviões – um Cessna Caravan, dois Sênecas III e o King Air 350 – e mais um helicóptero. Aeronaves da Polícia Militar e da Polícia Civil também são usadas, conforme a necessidade.
Essa logística foi desenhada pela Casa Militar e pela Secretaria de Estado da Saúde e ajuda a mapear melhor e mais rápido a circulação do novo coronavírus no Paraná. Além disso, possibilita o diagnóstico preciso aos pacientes a partir do teste de detecção realizado no Laboratório Central do Estado (Lacen-PR), que é referência no Paraná para o tipo mais completo de exame (RT-PCR).
“Essa parceria é fundamental para garantir diagnóstico rápido na pandemia. Desta forma garantimos o tratamento adequado e em tempo oportuno, evitando complicações na saúde das pessoas”, afirma Carmem Moura, coordenadora de Organização da Rede de Cuidados em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde. “Também é importante para evitar o trânsito dos servidores das Regionais de Saúde, que eventualmente teriam que fazer esse transporte por via terrestre. Esse apoio preserva a saúde e o tempo deles bem quando a sociedade exige dedicação integral na linha de frente dessa luta”.
BALANÇO – Segundo o relatório de 35 dias de atividades ininterruptas (de domingo a domingo), a média diária de coleta é de 130 amostra. Alguns dias apresentaram picos mais acentuados, como em 30 de março, com 240, ou em 18 e 24 de abril, com 216 cada.
As regionais que mais demandaram esforços coletivos no combate contra a doença até o momento foram a de Cascavel (10ª), com envio de 481 amostras para o Lacen; Maringá (15ª), com 477; a de Foz do Iguaçu (9ª), com 470, e a de Londrina (17ª), com 465. Elas responderam, juntas, por 1.893 amostras, cerca de 41,4% do total já coletado por transporte aéreo, além de agregarem 85 dos 399 municípios do Estado.
Pouco abaixo estão a 11ª Regional de Saúde, de Campo Mourão, que enviou 348 amostras, e a 5ª, de Guarapuava, com 269 amostras. As demais giram entre 40 e 239 amostras. Segundo o boletim epidemiológico desta segunda-feira, já foram registrados casos confirmados em 119 municípios paranaenses.
“Estamos realizando as coletas dos testes em todo o Estado. Não medimos esforços e contamos com a dedicação do nosso efetivo extremamente técnico e comprometido”, afirma o major Gustavo Hauenstein, Chefe da Divisão de Transporte Aéreo da Casa Militar. “São 36 pessoas entre pilotos e operadores de toda essa logística necessária para atender esse compromisso com a saúde pública”, enfatiza o major.
COMO FUNCIONA – As prefeituras transportam as amostras do material coletado nas vias respiratórias do paciente até as sedes das regionais e elas encaminham o conjunto para uma das nove cidades com aeroportos que cobrem o Paraná de Leste a Oeste e de Norte a Sul: Guarapuava, União da Vitória, Telêmaco Borba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Pato Branco e Umuarama.
De acordo com a logística estabelecida pela cooperação, servidores destacados das regionais de Saúde informam a Casa Militar sobre a quantidade de amostras que precisam ser transportadas no dia seguinte, e o órgão prepara a logística de coleta, com a orientação de que os testes devem chegar no Lacen até as 11 horas. Além dos exames, as aeronaves ajudam a transportar caixas UN3373 para as regionais. Essas embalagens são próprias para material biológico.
A organização logística é específica para o Lacen e não envolve os demais laboratórios privados ou públicos já credenciados.
TESTES - O Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) é o principal ponto de referência do Paraná para os exames. Já foram realizados mais de 12 mil testes desde o aparecimento dos primeiros suspeitos no Paraná.
Atualmente a capacidade diária é de cerca de 600, mas ela será aumentada nos próximos dias com a Unidade de Apoio para Diagnóstico da Covid-19, parceria do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Fiocruz, Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e Lacen-PR. Ele já está em operação e tem capacidade de fazer mais 1.000 testes por dia.
Essas duas estruturas recebem diariamente exames de todos os municípios e em até 72 horas concluem pela presença ou ausência do novo coronavírus. Os resultados das amostras coletadas por esses dois laboratórios e pelos demais públicos e privados são inseridos no GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial) e permitem acesso remoto das equipes de saúde dos municípios. Essa é a estrutura básica dos boletins epidemiológicos emitidos diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde.
Nos próximos dias, os laboratórios das universidades estaduais de Maringá (UEM) e Londrina (UEL) também vão passar a realizar testes RT-PCR para ajudar a acelerar a obtenção dos resultados, principalmente das macrorregiões de Saúde Noroeste e Norte, respectivamente.