69 mil pessoas passaram por controle de saúde no Porto de Paranaguá

Número é de 15 dias de funcionamento das estruturas médicas, montadas pela Portos do Paraná. Portuários e caminhoneiros passam por aferição de temperatura, análise primária de sintomas e orientação médica.
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09/04/2020 - 11:50
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A estrutura de combate à Covid-19, montada pela Portos do Paraná, completa 15 dias, nesta sexta-feira (9). Até o momento, mais de 69 mil trabalhadores portuários e caminhoneiros passaram por aferição de temperatura, análise primária de sintomas e orientação médica. O Porto de Paranaguá foi o primeiro do Brasil a adotar medidas rígidas de controle e prevenção ao Coronavírus, com equipes médicas atuando, 24 horas, no cais e no pátio de triagem de caminhões.

Como a atividade portuária é considerada essencial para o abastecimento de alimentos e produtos, a preocupação é garantir segurança nas atividades. “Nossos funcionários conseguiram, com muita agilidade, fazer as contratações necessárias para dar segurança às pessoas que são fundamentais para o porto continuar operando cargas”, destaca o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Em 15 dias, 38.117 trabalhadores passaram pelo atendimento primário no acesso ao cais do Porto de Paranaguá. No Pátio de Triagem, onde os caminhões aguardam para descarregar os grãos e farelos de exportação, foram quase 31 mil caminhoneiros que receberam o mesmo cuidado.

RESPOSTA - Em março, a Portos do Paraná criou um comitê multissetorial para auxiliar a diretoria executiva e propor medidas de combate e prevenção. O grupo, que envolve funcionários das áreas jurídica, administrativa, financeira, meio ambiente, segurança do trabalho e comunicação, acompanha o avanço da doença, mudanças de legislação e a necessidade dos trabalhadores.

Segundo o diretor administrativo-financeiro, Daniel Romanowski, além do comitê, os funcionários da empresa pública se envolveram em diferentes etapas para tornar o projeto possível, em pouco tempo. “Eles trabalharam incansavelmente, de maneira focada, amparada na legislação e na transparência. Em casos emergenciais como o que estamos enfrentando, é preciso ter celeridade”, afirma.

“Foi ágil, rápido e eficiente. Conseguimos, dessa forma, criar uma operação que pôde tranquilizar um pouco mais, não só os motoristas e trabalhadores, mas toda a comunidade. Pois quem mora na região tinha uma preocupação do porto ser um possível ponto de contaminação”, completa Romanowski.

CIDADE - De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, são seis casos confirmados de Covid-19 em Paranaguá. Nenhum decorrente da atividade portuária.

“São casos importados. Não tivemos casos de trabalhadores do porto, ou que vieram até o porto. Dessa forma, até o momento, não temos confirmação de transmissão comunitária do vírus”, explica Gianfrank Julian Tambosetti, um dos coordenadores da Sala de Situação da Secretaria Municipal de Saúde.

Para Tambosetti, a triagem feita pela Portos do Paraná é eficiente e contribui para as atividades de contenção aplicadas pelo município. “Inicialmente porque os sintomáticos não precisarão buscar unidades de saúde dentro da cidade, o que poupará o sistema de saúde local. Em segundo lugar, evitará a permanência desnecessária no território municipal diminuindo, assim a possibilidade de transmissão, no caso de contaminação”, comenta.

SEGURANÇA - Quem passou pelo atendimento primário, aprovou a medida. O motorista Valdir Pacheco, de 62 anos, trouxe soja da Lapa para Paranaguá e elogiou o cuidado. “Não podemos parar. O porto dar esse suporte para nossa categoria, é muito importante”, diz.

“A prevenção é o melhor remédio. Se todo mundo fizer sua parte, nós vamos vencer essa batalha”, lembrou o caminhoneiro Edson Bil, de Palotina, que também descarregou soja.

“A gente se sente mais seguro, com certeza. É primeiro porto, primeiro lugar que vejo com esse tipo de campanha”, conta o caminhoneiro Jean, de 48 anos, que descarregou soja vinda do Norte do Paraná.

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Atendimento será mantido até o fim da pandemia

O contrato emergencial de saúde, feito pela Portos do Paraná, tem duração de 90 dias, podendo ser renovado por mais 90. As equipes seguem atendendo 24 horas, em turnos, com dois médicos (um em cada ponto, que seguem escalas de 12h), 14 de técnicos de enfermagem, três de auxiliares administrativos e dois de limpeza hospitalar.

Além das plataformas para a aferição dos motoristas de caminhão, foram montados dois postos médicos e dois postos de enfermagem – no acesso dos trabalhadores à faixa primária (prédio Dom Pedro II) e no pátio de caminhões.

Quem gerencia a estrutura de triagem, é a equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmet), ligada a Diretoria de Meio Ambiente. Segundo o responsável pelo setor, Felipe Zacharias, o atendimento segue um fluxo simples de cuidado.

Primeiro, os trabalhadores ou caminhoneiros passam pela aferição de temperatura. Se essa for menor que 37,6ºC, eles são orientados a higienizarem as mãos e liberados. Caso contrário, são encaminhados para a avaliação médica e análise primária de sintomas.

Caso os sintomas sejam leves, a equipe coleta os dados do trabalhador, orienta sobre as medidas preventivas (uso de máscara, isolamento).

Se o caso for de moderado a grave, com suspeita de Covid-19, o encaminhamento é para as unidades de saúde ou para o Hospital Regional. O transporte do paciente é feito pela ambulância do OGMO (se for no acesso ao cais) ou pelo Samu (do pátio).

Em todas as situações, o município é notificado. A equipe da Guarda Portuária também recebe informações para impedir que o trabalhador ou motorista insista em ignorar as recomendações.

“As estruturas de atendimentos e triagem são adicionais aos demais cuidados que já adotamos desde janeiro. O objetivo, nesse momento, é evitar a exposição de trabalhadores ao risco”, afirma Felipe.

Segundo José Sbravatti, que integra a equipe de segurança do trabalho, os fluxos são aperfeiçoados diariamente. “Cada dia é preciso adequar as ações para que elas se mantenham eficientes. A evolução é muito rápida e é preciso manter o alerta até o final da pandemia”, destaca.

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