Puxado pela região de Guarapuava, Paraná lidera produção nacional de cevada

06/12/2021
Paloma Detlinger é parte da quarta geração de famílias eslavo-germânicas que se estabeleceram nas colônias que formam a comunidade de Entre Rios, em Guarapuava, na região Central do Estado. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início do regime soviético, trouxeram na bagagem uma farta experiência na agricultura e muita disposição para trabalhar nas terras do novo País. Foi assim que ajudaram a construir uma das regiões mais produtivas do Estado e do Brasil, que se destaca principalmente na produção de grãos, em especial a cevada, matéria-prima do malte utilizado na fabricação de cerveja. É da Colônia Entre Rios que sai grande parte do malte consumido pela indústria cervejeira brasileira. Na região de Guarapuava, que tem um inverno rigoroso, onde o grão se adaptou bem, o cultivo é impulsionado pela Cooperativa Agrária, fundada pelos imigrantes europeus. Em Grandes Rios, está a Agrária Malte, a maior maltaria da América Latina, responsável por 30% da demanda nacional. O Paraná lidera com folga a produção nacional de cevada. De acordo com o IBGE, o Estado respondeu por quase 62% da área cultivada e por 72% da produção do grão no Brasil em 2020. De acordo com as estatísticas da Produção Agrícola Municipal, a área plantada no Estado no ano passado chegou a 64 mil 375 hectares, e no País somou 104 mil 413 hectares. Foram colhidas, no Paraná, 278 mil 661 toneladas do grão, enquanto a produção nacional somou 387 mil 146 toneladas em 2020, e a produtividade da cevada paranaense também é superior à nacional. Na safra de 2020/2021, que está terminando de ser colhida agora, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento estima o plantio de 76 mil hectares e a colheita prevista é de 320 mil toneladas. O Núcleo Regional de Guarapuava responde por cerca de 65% desse volume. No caso de Paloma, tanto a família paterna como a materna têm tradição de décadas no cultivo. Mas para ela esta foi a primeira safra colhida. Isso porque após a morte do pai, há quatro anos, ela abriu mão de um doutorado em Química para assumir a propriedade junto com a mãe.// SONORA PALOMA DETLINGER.//

Em sua primeira safra, Paloma colheu 4 mil e 500 quilogramas de cevada por hectare, produtividade superior à média do Estado.// SONORA PALOMA DETLINGER.//

O avô de Paloma, Siegfried Milla, que chegou ao Brasil com 13 anos, também cultivou o grão até a aposentadoria, e hoje vê os filhos e os netos mantendo as lavouras.// SONORA SIEGFRIED MILLA.//

Para Paloma, a mudança na carreira para se dedicar ao cultivo da cevada e de outras culturas, seguindo a tradição familiar, foi uma decisão acertada.// SONORA PALOMA DETLINGER.//

Um dos motivos que fazem com que a cevada de Guarapuava tenha melhor produtividade que a média nacional e estadual está no trabalho de pesquisa desenvolvido pela Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, que pertence à cooperativa. Márcio Mourão, coordenador da Fapa e da Assistência Técnica da Agrária, destaca que todo esse processo fez com que o cultivo do grão evoluísse exponencialmente desde o início da produção com os primeiros imigrantes.// SONORA MÁRCIO MOURÃO.//

Um novo projeto, desta vez implantado em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, vai consolidar o Paraná na liderança isolada na produção de cevada. Um pool formado por seis cooperativas confirmou a construção da Maltaria Campos Gerais, em que a primeira etapa deve ser concluída em 2028 e a segunda em 2032. A cevada de Guarapuava faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, produzida pela AEN, Agência Estadual de Notícias. O material mostra o potencial do agronegócio paranaense, com reportagens publicadas sempre às segundas-feiras. A previsão é que os materiais se estendam até o final de 2021. (Repórter: Felippe Salles)