Porco Moura: como o Paraná salvou a raça de carne sinônimo de maciez e suculência

26/03/2025
O Paraná é vice-líder na produção de suínos no Brasil, com uma produção de 12 milhões e 400 mil porcos em 2024, atingindo a maior participação do Estado no setor, com 21,5%. Os dados do IBGE comprovam a força e a expertise da produção paranaense, que não fica limitada apenas à industrial. O Estado é referência na criação da raça nativa brasileira Moura, com carne e aspecto similares aos melhores cortes bovinos, com maciez, suculência e sabor únicos. Cerca de 74% da produção brasileira da raça fica no Estado, de acordo com a Universidade Federal do Paraná. A instituição conta com o Projeto Porco Moura, de resgate e estímulo à criação da raça, criado em 1985 e encerrado no início dos anos 2000, mas que foi retomado em 2014. Esse incentivo é fundamental para manter viva não só a produção, mas também a tradição e a importância que ela teve na história do Paraná e do Brasil. O professor da UFPR e coordenador do Projeto Porco Moura, Marson Bruck Warpechowski, explica que os primeiros porcos domésticos que chegaram ao Brasil foram trazidos pelos portugueses, logo no início da colonização, por volta dos anos 1530. // SONORA MARSON BRUCK //

A origem do Moura é ligada às missões jesuíticas espanholas na América, sobretudo na região do que hoje é o Rio Grande do Sul, conforme ressaltou o professor da UFPR. // SONORA MARSON BRUCK //

Ainda segundo Marson, com a industrialização e o ganho de escala, além da busca por animais de rápido ganho de peso e baixa gordura acumulada, as raças crioulas como a Moura perderam espaço, já que a produção é mais cara e demanda mais tempo. Foi em 1985, já praticamente extinta, que uma luz foi acesa com a criação do Projeto Porco Moura pelo professor da UFPR Narcizo Marques da Silva. // SONORA MARSON BRUCK //

Criar um porco Moura é um processo totalmente diferente da criação de um suíno industrial, e isso ajuda a explicar por que a produção em larga escala preferiu investir no segundo tipo. Como o tempo de produção é cerca de duas vezes maior que raças industriais, o desafio do Moura é encontrar formas de se manter atrativo para o produtor e atrair o mercado consumidor. Um dos caminhos são os produtos gourmets, por meio da charcutaria. Os produtores brasileiros também estão trabalhando na possibilidade de o porco Moura ser chancelado com o selo de Indicação Geográfica pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial. E visando dar maior segurança e estabelecendo normas para a produção, a Adapar está no estágio final de produção de uma portaria para a criação de porcos no sistema de campo aberto, como no caso da raça Moura. Segundo o chefe da Divisão de Sanidade dos Suínos da Adapar, João Humberto Teotônio de Castro, o objetivo é garantir condições de biosseguridade a esse tipo de produção. // SONORA JOÃO HUMBERTO TEOTÔNIO DE CASTRO //

O professor da UFPR também ressaltou a importância dessa regulamentação. // SONORA MARSON BRUCK //

A previsão de publicação dessa normativa é para o final de abril. (Repórter: Gustavo Vaz)