Polícia Científica do Paraná é referência no trabalho com perfis genéticos e análise de drogas

09/01/2023
O Paraná é um dos estados brasileiros que mais contribuem com a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária na identificação de novas drogas e inserção na Portaria 344, que lista todas as substâncias ilícitas sujeitas a controle especial no País. Também é um dos que mais inclui perfis genéticos na Rede Nacional de Bancos de Perfis Genéticos, auxiliando a esclarecer investigações em andamento. Esta reportagem da série “Paraná, o Brasil que dá certo” apresenta um pouco do trabalho da Polícia Científica do Paraná, referência nacional em sua área de atuação. O Laboratório de Química Forense da PCPR se destaca no Brasil quando o assunto é identificação de novas drogas. De 2014 a 2021, foram identificadas 54 substâncias encontradas em diferentes objetos e itens de uso pessoal, como roupas. Por ano, também são analisadas cerca de 300 requisições periciais de selos e papéis e cerca de 900 comprimidos de ecstasy. A chefe do laboratório, Isabella Mello, explica que o Estado, por sua localização geográfica, próximo a outros dois países, como Argentina e Paraguai, acaba recebendo um número considerável de novas substâncias ilícitas, o que demanda análise e cuidado, uma vez que essas informações embasam inclusive decisões judiciais. //SONORA ISABELLA MELLO//

A Portaria 344 da Anvisa, de 1998, traz os parâmetros técnicos de substâncias consideradas ilícitas. Na busca de burlar a legislação, os traficantes promovem mudanças estruturais nas drogas, tentando driblar a fiscalização e a criminalização. Cabe ao Laboratório de Química Forense identificar estes novos componentes e alertar a Anvisa para incluir as novas variantes na classificação proibitiva, uma vez que causam efeitos similares. No Brasil, apenas laboratórios credenciados podem fazer esse tipo de avaliação formal. //SONORA ISABELLA MELLO//

Com 20 anos de história, o Laboratório de Genética Forense, outra estrutura da Polícia Científica do Paraná, é o único do Estado a fazer exames preliminares em vestígios, analisando materiais biológicos em amostras de sangue ou sêmen. Ele também faz exames de confronto genético. Marianna Maia Taluois do Rosário, chefe do laboratório, explica que os exames de perfis genéticos se dividem em três tipos: paternidade criminal, identificação de cadáveres, que não podem ser identificados por vias papiloscópicas ou odontológicas, e exames por verosimilhança, quando compara-se o perfil genético do depositor com o perfil no vestígio. Isso se enquadra em casos de violência sexual, principalmente. No entanto, o trabalho não se restringe aos crimes de cunho sexual. Em 2022, o Laboratório de Genética Forense fez vários exames para colaborar com a elucidação do assalto a uma transportadora de valores de Guarapuava, em maio passado. Marianna explica que, naquele caso, foram feitas análises de células de toque de amostras coletadas no local do crime e confrontadas por verosimilhança com os suspeitos detidos. Na época foram expedidas mais de 70 ordens judiciais para prisão e apreensão de bens dos envolvidos. Esse atestado de competência permite que todos os laudos emitidos tenham selo do Inmetro e tudo que é feito pode ser rastreado. Trata-se de um projeto construído em parceria com a Secretaria Nacional da Segurança Pública. //SONORA MARIANNA ROSÁRIO//

O laboratório já havia recebido um equipamento ao cumprir a meta do projeto Backlog de Vestígios de Crimes Sexuais, processando 2 mil vestígios de crimes desta natureza. Tudo que é analisado no Laboratório de Genética Forense consta na Rede Nacional de Bancos de Perfis Genéticos, contribuindo em investigações criminais e soluções de crimes em todo o Brasil. O Paraná tem sido destaque nos últimos anos quando na inserção de perfis genéticos na Rede Nacional de Bancos de Perfis Genéticos. Hoje o Estado é um dos três que mais contribuem com as investigações criminais através do Banco. O laboratório agora trabalha em dois novos projetos que auxiliarão a encontrar crianças desaparecidas, na esteira das resoluções dos casos Rachel Genofre e Leandro Bossi, e na elucidação de estupros cometidos contra vulneráveis. O projeto Fim da Dúvida está em fase de aquisição de equipamentos para começar as perícias. Os avanços na perícia criminal, utilizando tecnologias mais avançadas para identificação do DNA, estão permitindo a elucidação de casos antigos. O outro projeto em elaboração é o “Crescer sem medo: o resgate da prova”, que vai trabalhar casos de violência sexual à parte das demandas da Polícia Civil. Outro diferencial da Polícia Científica do Paraná é o Museu de Ciência Forense. Fundado na década de 1970 e localizado em Curitiba, ele reúne em seu acervo elementos anatômicos, fetos, cadáveres mumificados, casos de perícias, objetos de cenas de crimes ou de acidentes, entre outros materiais de cunho educativo. São peças que despertam a curiosidade da população por contarem histórias de crimes e mortes inusitadas que aconteceram no Estado. De acordo com Fabíola Schutzenberger, diretora do museu, o objetivo do espaço é mostrar à população como funciona o trabalho dos peritos criminais. O museu recebe estudantes com horário agendado. Na última segunda-feira do mês, o local é aberto à visitação da população em geral. Há pouco mais de um mês, a instituição abriu à visitação pública a mais uma parte de seu acervo: o antigo necrotério de Curitiba. Desativado desde 2018, quando o IML foi transferido para o bairro do Tarumã, o setor passou a integrar o acervo do museu. Lá, os visitantes podem conhecer as salas de necrópsia, câmaras frias e equipamentos utilizados nos trabalhos periciais. A visitação habital é restrita a estudantes, mediante agendamento. Uma vez por mês o local é aberto à visitação da população em geral, mediante inscrição que pode ser feita online. As visitas são sempre guiadas. “Paraná, o Brasil que dá certo” é uma série de reportagens da Agência Estadual de Notícias. São apresentadas iniciativas da administração pública estadual que são referência para o Brasil em suas áreas. A primeira abordou o sistema estadual de transplante de órgãos e, na sequência, foram apresentadas a G2 Cia de Dança, companhia dança mais longeva do País, a cadeia de produção e distribuição de alimentos orgânicos, a sala exclusiva do Museu Oscar Niemeyer para atender o público autista, e o Laboratório Central do Estado, que tornou-se referência em monitoramento de doenças e inovação em processos. (Repórter: Alexandre Nassa)