Pesquisa da UEL desenvolve programa inovador para soltura de peixes no Rio Paranapanema

16/11/2021
Duas espécies de peixe, o dourado e o lambari-do-rabo-amarelo, foram reintroduzidas ao Rio Paranapanema a partir de estudo inédito e adoção de metodologia inovadora sobre conservação e recuperação de peixes, desenvolvidos na UEL, Universidade Estadual de Londrina. Com conhecimento técnico e científico, em mais de 20 anos de estudos, essa ação promete impactar a forma de fazer repovoamento de peixes em todo o país. Intitulado “Desenvolvimento e aplicação de um programa inovador para a conservação e recuperação do estoque pesqueiro do Rio Paranapanema”, o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, é conduzido pelo Laboratório de Ecologia de Peixes e Invasões Biológicas, Lepib, em parceria com o Laboratório de Genética e Ecologia Animal, Lagea, ambos do Centro de Ciências Biológicas, com apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica, do Ibama e financiamento da concessionária de energia elétrica CTG Energia Paranapanema S/A. Ele começou em 2018 e tem duração de 48 meses, com possibilidade de prorrogação por mais 24 meses. O grande diferencial do estudo, segundo o biólogo e doutor em Zoologia, Mario Luis Orsi, responsável pelo Lepib, é o formato do repovoamento baseado em pesquisa científica, desde a genética até a ecologia. Segundo o pesquisador, a soltura de peixe controlada, com base técnica e científica, pode ajudar, em qualquer local do Brasil, podendo causar reflexo para pescadores, sociedade e como indicativo ambiental dessas áreas pois a grande maioria das solturas carecem de informações da real eficácia desse manejo. //SONORA MARIO LUIS ORSI// O problema encontrado anteriormente era a soltura de peixes sem qualquer avaliação prévia dos impactos que poderiam ser causados. O doutorando Armando César Rodrigues Casimiro destacou que a reintrodução de espécies de peixes em rios, chamada de peixamento, é feita desde o final do século 19. Porém, não se tinha estudo, por exemplo, de como e onde soltar o peixe. Sem embasamento técnico, as consequências trazidas são negativas, causando desequilíbrio no ecossistema. //SONORA ARMANDO CÉSAR RODRIGUES// A pesquisa desenvolvida por ele trata de espécies moduladoras, que vão ajudar a cadeia de cima para baixo, como o dourado, de grande porte, e debaixo para cima, como o lambari-do-rabo-amarelo, de pequeno porte, reajustando e reorganizando a comunidade. Outro estudo realizado juntamente a este, pelo biólogo colaborador Matheus Chueire Luiz, avalia pequenas espécies na zona litorânea dos rios. Segundo o estudo, há a diminuição de espécies invasoras, além do retorno de outras espécies nativas de pequeno porte. Porém, segundo Matheus, em todo o Rio Paranapanema, a quantidade é muito maior, mais 160 espécies de peixes foram descritas. Desde o final de 2019, o Lepib assumiu a antiga estação de piscicultura, localizada na Fazenda Escola, e na atualidade se denomina Laboratório de Ecologia Aquática e Conservação de Espécies Nativas. Nas estruturas existentes, os pesquisadores recebem as espécies ainda pequenas e as desenvolvem até que elas estejam em tamanho adequado para soltura nas áreas selecionadas do rio. (Repórter: Flávio Rehme)