Mostra da Casa Gomm sobre canoa indígena dos anos 1500 encerra nesta sexta-feira

11/12/2023
A mostra sobre o registro do resgate da canoa Ygá-Mirî termina nesta sexta-feira. A exposição está na Casa Gomm, sede da Coordenação do Patrimônio Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura, em Curitiba. Em 2018, a embarcação foi recuperada pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com a ajuda de povos Guarani, no sítio arqueológico da antiga Cidade Real do Guairá. Após o fim da exposição, a mostra vai até as aldeias dos povos Avá-Guarani. Isso ocorre a partir de um termo conveniado entre o Iphan e a Universidade Federal do Paraná. O planejamento inclui oficinas de capacitação na aldeia Tekoha Nhemboetê, no município de Terra Roxa, e também para estudantes indígenas da Unioeste. Como medida de conscientização sobre conservação de patrimônio histórico e indígena, a mostra recebeu cerca de 300 alunos de cinco escolas durante quase três meses. Na exposição, o visitante encontra uma réplica 3D da canoa, módulos explicativos com informações sobre a descoberta, o resgate e conservação, além de um acervo histórico com vasos ancestrais encontrados também em sítios arqueológicos no Paraná. Atualmente, a canoa está sob cuidados da Reserva Técnica do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR. De acordo com Vitor Hugo Silva, antropólogo consultor da exposição, o projeto tem a abordagem da arqueologia colaborativa. // SONORA VITOR HUGO SILVA //

Em 2013, os Avá-Guarani, em Terra Roxa, revelaram a existência de indícios arqueológicos no local. Entre fragmentos cerâmicos e artefatos antigos, encontraram o restante de uma canoa indígena. O local foi monitorado por cinco anos. Com sete metros de comprimento, a canoa foi encontrada com cerca de 70% enterrada em um barranco em 1,5 metro de profundidade, e 30% exposta. Almir Pontes, geógrafo da Coordenação do Patrimônio Cultural, relata que a embarcação provavelmente era usada para viagens longas. // SONORA ALMIR PONTES //

A partir da constatação do material, foi feita uma operação de arqueologia para o resgate. Promovida pelo Iphan e com supervisão e apoio técnico-científico da Coordenação, a retirada foi iniciada já em 2018. Almir Pontes contou que o processo de resgate não foi fácil. // SONORA ALMIR PONTES //
Os povos Guarani foram fundamentais para o processo. Eles acompanharam tudo e trabalharam com as equipes de campo. Além disso, fizeram rituais e rezas para a canoa. Os Avá-Guaranis acreditam que se o objeto não fosse devidamente tratado, poderiam acontecer alguns reveses com os envolvidos no projeto. A época provável em que a canoa foi usada é entre 1557 e 1632. Nesse período, existiu a Cidade Real do Guairá, fundada em território Guarani, por militares espanhóis que procuravam expandir o domínio colonial a partir do Paraguai. A área onde se encontram os vestígios dessa antiga cidade foi tombada como Patrimônio Cultural pelo Governo do Paraná. A Casa Gomm fica na Rua Bruno Filgueira, número 850, no bairro do Batel, e funciona nos dias úteis entre 10 horas da manhã e cinco da tarde. A visitação é gratuita. (Repórter: Gustavo Vaz)