Estudo com participação paranaense aponta crescimento da agricultura sustentável no Brasil
15/04/2021
O agronegócio brasileiro vem se comprometendo cada vez mais com a adoção de práticas que poupam os recursos naturais e diminuem a emissão de carbono para a atmosfera. Essa é a conclusão do artigo Desenvolvimento da agricultura de baixo carbono no Brasil, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão vinculado ao Ministério da Economia. Tiago Santos Telles, pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater, falou sobre a adoção de tecnologias que diminuem a emissão de gases de efeito estufa na agropecuária. // TIAGO TELLES // O estudo foi realizado com o objetivo de aferir o cumprimento das metas estabelecidas no Plano ABC, de 2010, e partiu da reunião e análise de dados do IBGE, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, ligado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Embrapa, Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil e do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Ele também lembrou dos desafios identificados com a pesquisa. // TIAGO TELLES // O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, ou simplesmente Plano ABC, foi elaborado em 2010 como parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Ela, por sua vez, foi um desdobramento interno da participação brasileira na 15ª Conferência das Partes, realizada na Dinamarca em dezembro de 2009. Desse evento resultou o Acordo de Copenhague, em que o Brasil, país signatário, se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, principalmente metano, dióxido e monóxido de carbono até 2020. No país, cerca de 31% do total desses gases é gerados na agropecuária, principalmente a emissão de metano na criação de bovinos, a liberação de carbono em certas práticas de manejo do solo e, ainda, o desmatamento para a liberação de novas áreas. Telles ainda falou sobre as tecnologias do Plano ABC. // TIAGO TELLES // Os dados indicaram aumento na implantação de árvores em estabelecimentos agropecuários. Quanto à disseminação de tecnologias conservacionistas, o destaque foi a adoção de sistemas integrados de lavouras, pecuária e florestas. A expansão do plantio direto no período é outra importante constatação do estudo. O foco do Plano ABC era expandir em oito milhões de hectares a área com esse sistema de cultivo. Foram alcançados mais de 16 milhões de hectares, um incremento de quase 210% sobre a proposta inicial. Houve importante crescimento de áreas dedicadas às florestas plantadas 140% acima da meta e adoção de estratégias para a fixação biológica de nitrogênio, que alcançou mais de 14 milhões de hectares e superou em mais de 260% o objetivo inicial definido pelo Plano ABC. A baixa adoção do tratamento de dejetos animais e o pequeno incremento na recuperação de pastagens degradadas foram os pontos negativos verificados no estudo. Frente à meta de tratar quatro milhões e 400 mil metros cúbicos de dejetos animais, obteve-se um milhão e 700 mil, cerca de 39%. Dos 15 milhões de hectares de pastagens recuperados inicialmente previstos, apenas 36% foram alcançados. As informações completas sobre o crescimento da agricultura sustentável no Brasil, podem ser acessadas no site ipea.gov.br. (Repórter: Sérgio Aguiar)