Do veto a calças a cargos de direção: mulheres da extensão rural viveram de tudo no campo

08/03/2024
O IDR-Paraná tem 505 mulheres entre os 1.400 colaboradores, cerca de 36% do total. E elas tiveram que enfrentar inúmeros desafios para dar uma roupagem de equidade no campo. O serviço de extensão rural e assistência técnica foi criado em 1956 no Paraná. O trabalho era desenvolvido por uma organização social, a Associação de Crédito e Assistência Rural, até que em 1977 o Governo do Estado encampou a assistência aos produtores. Primeiro foram criados Iapar, Emater, Codapar e Centro de Referência de Agroecologia, e a partir de 2019 o IDR fundiu a atuação. O conhecimento agronômico era o norte do serviço de extensão rural na época, mas apesar de haver registros de mulheres atuando junto aos produtores rurais, elas eram minoria e se concentravam na área de assistência e bem-estar social. Lentamente, as mudanças começaram a ocorrer. Na década de 1990, as mulheres também começaram a ser reconhecidas pelas atividades nas propriedades rurais. Foi a partir dessa constatação que passaram a ter o direito de emitir a Nota do Produtor sem precisar usar o nome do marido no documento, contando também com a colaboração de extensionistas. No dado mais recente do setor, do Censo Agropecuário de 2017, 13% dos estabelecimentos eram chefiados por mulheres no Paraná. Atualmente as mulheres ocupam importantes funções no IDR, caso da diretora de Pesquisa, Vania Moda Cirino. Ela ocupa a cadeira número 68 da Academia Brasileira de Ciência Agronômica. A pesquisadora é responsável técnica pelo desenvolvimento de mais de 38 cultivares de feijão, que contribuíram para aumentar a produção e a renda de pequenas propriedades rurais, reforçar a segurança alimentar da população e tornar o Paraná líder nacional na produção, com mais de 400 mil hectares por safra, equivalente a 750 mil toneladas do feijão. Algumas das cultivares desenvolvidas pela pesquisadora, ao longo dos quase 38 anos de atuação no IDR-Paraná, estão entre as mais cultivadas em todo o Brasil. Elas respondem por 69% do feijão preto e 19% do feijão carioca produzidos no país. (Repórter: Gustavo Vaz)