De limpeza de escola a salvamento de animais: a rotina solidária da equipe do IAT no RS

15/05/2024
Mesmo que lentamente, a água começa a baixar em alguns pontos do Rio Grande do Sul. A lama, porém, fica como cicatriz da intensidade das chuvas. Foi o que aconteceu com a Escola Estadual de Ensino Médio General Souza Doca, na pequena Muçum, cidade a 152 quilômetros de Porto Alegre. Nesta quarta-feira, dois caminhões-pipa cedidos pelo IAT, Instituto Água e Terra, passaram o dia limpando o colégio do barro que impregnou paredes, carteiras e quadros-negros. O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, fala sobre o apoio do IAT na limpeza urbana. // SONORA MATEUS TROJAN //

Essa foi a primeira grande ação de limpeza urbana organizada pela força-tarefa do órgão ambiental em solo gaúcho. O comboio de ajuda às vítimas das enchentes conta com 22 técnicos, 11 caminhões-pipa, sete caminhonetes 4x4 e cinco embarcações. Vai ficar pelo menos até 22 de maio ajudando a população de cidades como Santa Cruz do Sul, Canoas, Porto Alegre, Muçum, Lajeado, Sinimbu e Rio Pardo, arrasadas pelos efeitos de um dos mais intensos desastres climáticos do País. A atuação do grupo voluntário, contudo, não se restringe a tentar devolver o mínimo de funcionalidade aos municípios, muitos deles devastados. Há animais perdidos, se esquivando da água escura como podem. Idosos que precisam de atendimento, postos de saúde fechados. Além das escolas, creches atoladas na lama. O cenário é de terra arrasada. Parte do trabalho, como a distribuição de donativos, medicamentos e o resgate de pessoas e animais, é feito com apoio de cinco embarcações que passam o dia cortando as águas contaminadas em busca de um grito de socorro. O chefe regional do IAT de União da Vitória, Augusto Arruda Lindner, um dos coordenadores da missão paranaense, relata como tem sido a rotina da equipe. // SONORA AUGUSTO LINDNER //

Lindner é engenheiro florestal e tem experiência em operações de salvamento. No fim do ano passado, atuou por 45 dias na operação de apoio aos desalojados pelas tempestades que castigaram o Sul do Paraná. Ainda assim, ele se emocionou. Por volta do meio-dia desta quarta-feira, ele já havia perdido o número de cães e gatos que ajudou a retirar de casas ilhadas. As buscas são incansáveis. Ainda há cachorros, gatos e até galinhas precisando de ajuda, subindo em telhados, como o cavalo Caramelo, no esforço para preservar a vida. A engenheira agrônoma do núcleo de Patrimônio Natural do IAT, Jessica Viatroski, que precisou tomar vacina antirrábica depois de ser mordida por um dos cães que ajudou a salvar, fala sobre as dificuldades que a equipe tem encontrado. // SONORA JESSICA VIATROSKI //

Em pouco mais de uma semana de arrecadações, a campanha SOS RS, do Governo do Paraná, já reuniu 6 mil e 500 toneladas de ajuda humanitária para as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. O volume total de donativos contabiliza alimentos, água potável, roupas e produtos de higiene e limpeza doados em todas as cidades paranaenses até esta terça-feira. Apenas o Instituto Água e Terra recebeu 10 toneladas de doações. (Repórter: Gabriel Ramos)