Conquista do certificado de livre de febre aftosa sem vacinação vem depois de 50 anos
27/05/2021
A conquista do certificado de livre de febre aftosa sem vacinação e da criação de um dos mais bem estruturados sistemas de sanidade animal do País tem as digitais de vários atores, tanto do setor público quanto privado do Paraná, e remonta há mais de 50 anos. Não é triunfo particular, mas uma das maiores vitórias coletivas conseguidas pelo Estado. O primeiro registro de aftosa no Brasil é de 1895, com a descoberta do vírus no Triângulo Mineiro. Houve mobilização nacional imediata com reestruturação do Ministério da Agricultura em 1909 e atenção prioritária para a doença. Em 1934, é regulamentado o Serviço de Defesa Sanitária no Brasil e, logo depois, foi criado o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa, mesmo período em que se começou a produzir a vacina. As campanhas com vistas à erradicação da aftosa tiveram início efetivo em 1963. Dois anos depois, o Paraná fez a primeira. Mas, naqueles anos, a pecuária nacional era incipiente, com técnicas que não garantiam muita sobrevivência aos animais. Além disso, as doenças, entre elas a aftosa, eram recorrentes. As informações não chegavam com facilidade às propriedades e os métodos de controle, incluindo a vacinação, ainda não estavam assimilados pelos pecuaristas. No início dos anos 70, o governo federal coordenou as ações por meio do Grupo Executivo de Combate à Febre Aftosa, contando com a ajuda dos servidores de governos estaduais. No Paraná, a Secretaria da Agricultura ganhou, em 1976, o Departamento de Fiscalização, com atenção na defesa sanitária animal e vegetal. O médico veterinário Ângelo Gabossa Neto entrou na campanha em 1973, na região de Dois Vizinhos. A equipe era pequena, com mais um auxiliar de escritório e três ajudantes de campo. Mas crescia bastante nos três períodos anuais de vacinação quando havia o treinamento de outros auxiliares.// SONORA ANGELO GABOSSA NETO.//
Na época em que atuava na região, Angelo tinha a tarefa de imunizar cerca de 80 mil bovinos.// SONORA ANGELO GABOSSA NETO.//
Até 1979 não houve, de certa forma, grande progresso no controle da enfermidade e chegou-se a constatar, naquele ano, 1.436 focos. No início dos anos 80, a vacina ainda não estava totalmente assimilada e os focos da doença se multiplicavam no Estado. O médico veterinário Onésimo Locatelli estava locado, nesse tempo, na região de Barracão, no Sudoeste, próximo à fronteira com a Argentina, onde a febre aftosa também se alastrava. Ele lembra que as dificuldades eram grandes.// SONORA ONÉSIMO LOCATELLI.//
A melhoria nas vacinas, que passaram a aquosas e, logo depois, a oleosas, foi acompanhada de um aumento sucessivo da confiança dos produtores. As campanhas de vacinação começaram a ser feitas duas vezes ao ano. Os focos reduziram e o controle do trânsito melhorava. O Brasil começava a expandir o comércio e os olhos se voltaram para o exterior. Mesmo com a aceitação, a Secretaria da Agricultura do Paraná reforçava o trabalho em prol da defesa sanitária. As barreiras sanitárias foram ampliadas, com atuação intensa da Claspar, empresa classificadora extinta, e os controles se estenderam para as exposições-feira e leilões.// SONORA ONÉSIMO LOCATELLI.//
Onésimo disse que de uma hora para outra e de forma natural o percentual de vacinações saltou de cerca de 30% para 95% - marca alcançada até as últimas campanhas. A chegada dos anos 90 trouxe a obrigatoriedade de os produtores vacinarem os rebanhos, que se reforçou em 92, com o programa nacional de erradicação da doença. Em 1995, após novos focos no Estado, o setor se mobilizou e, com a cooperação entre os diversos atores do processo, foi criado o Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná. O fundo conta, atualmente, com cerca de 80 milhões de reais. Em dezembro de 2011, a defesa sanitária vegetal e animal ganhou em agilidade e profissionalismo com o surgimento da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, a Adapar. O último foco isolado de aftosa relatado no Paraná é de 2006, em São Sebastião da Amoreira. A partir daí, não se observou mais nenhuma circulação viral no Estado, mas a vacina continuou a ser aplicada duas vezes ao ano até maio de 2019. A vacinação foi substituída pela obrigatoriedade do cadastro de rebanho, realizado em novembro de 2019, em maio e novembro de 2020, e, neste ano, em uma única vez, nestes meses de maio e junho. (Repórter: Rudi Bagatini)
Na época em que atuava na região, Angelo tinha a tarefa de imunizar cerca de 80 mil bovinos.// SONORA ANGELO GABOSSA NETO.//
Até 1979 não houve, de certa forma, grande progresso no controle da enfermidade e chegou-se a constatar, naquele ano, 1.436 focos. No início dos anos 80, a vacina ainda não estava totalmente assimilada e os focos da doença se multiplicavam no Estado. O médico veterinário Onésimo Locatelli estava locado, nesse tempo, na região de Barracão, no Sudoeste, próximo à fronteira com a Argentina, onde a febre aftosa também se alastrava. Ele lembra que as dificuldades eram grandes.// SONORA ONÉSIMO LOCATELLI.//
A melhoria nas vacinas, que passaram a aquosas e, logo depois, a oleosas, foi acompanhada de um aumento sucessivo da confiança dos produtores. As campanhas de vacinação começaram a ser feitas duas vezes ao ano. Os focos reduziram e o controle do trânsito melhorava. O Brasil começava a expandir o comércio e os olhos se voltaram para o exterior. Mesmo com a aceitação, a Secretaria da Agricultura do Paraná reforçava o trabalho em prol da defesa sanitária. As barreiras sanitárias foram ampliadas, com atuação intensa da Claspar, empresa classificadora extinta, e os controles se estenderam para as exposições-feira e leilões.// SONORA ONÉSIMO LOCATELLI.//
Onésimo disse que de uma hora para outra e de forma natural o percentual de vacinações saltou de cerca de 30% para 95% - marca alcançada até as últimas campanhas. A chegada dos anos 90 trouxe a obrigatoriedade de os produtores vacinarem os rebanhos, que se reforçou em 92, com o programa nacional de erradicação da doença. Em 1995, após novos focos no Estado, o setor se mobilizou e, com a cooperação entre os diversos atores do processo, foi criado o Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná. O fundo conta, atualmente, com cerca de 80 milhões de reais. Em dezembro de 2011, a defesa sanitária vegetal e animal ganhou em agilidade e profissionalismo com o surgimento da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, a Adapar. O último foco isolado de aftosa relatado no Paraná é de 2006, em São Sebastião da Amoreira. A partir daí, não se observou mais nenhuma circulação viral no Estado, mas a vacina continuou a ser aplicada duas vezes ao ano até maio de 2019. A vacinação foi substituída pela obrigatoriedade do cadastro de rebanho, realizado em novembro de 2019, em maio e novembro de 2020, e, neste ano, em uma única vez, nestes meses de maio e junho. (Repórter: Rudi Bagatini)