Com pesquisa e iniciativas pioneiras, Paraná pode se tornar a terra do lúpulo no futuro

05/03/2024
Maior produtor de cevada do Brasil, o Paraná pode se tornar um bom produtor também de lúpulo, essência fundamental para o aroma e o amargor característicos da cerveja. Alguns experimentos já contam com a participação da UEL e outros são fruto da iniciativa de produtores, ampliando a oferta de produtos que saem do campo no Estado. Em Palmital, zona rural de Araucária, na Região de Curitiba, 400 plantas trepadeiras geometricamente bem ajustadas nas laterais apontam ao céu chegando a cinco metros de altura, amparadas em uma estrutura de postes e arames reforçados. Essa é a forma mais adequada para que o lúpulo cresça e aproveite o máximo de sol. Entre os meses de abril e setembro, o produtor Josimar Cubis, que atende cervejarias artesanais da Região da Capital, Londrina e Maringá, além de municípios de São Paulo e Minas Gerais, mantém a planta em dormência. A partir daí ela rebrota com crescimento de até 30 centímetros por dia. Nesse momento há necessidade de conduzir o desenvolvimento para que a trepadeira não se desgarre dos fios condutores. Em janeiro, a planta floresce e a colheita começa em fins de fevereiro, quando os galhos são cortados baixos e levados para a retirada manual das flores. Debulhadas seguem para a estufa, onde são secadas durante oito horas, trituradas e embaladas a vácuo. Na Academia estão em andamento pesquisas sobre as variedades mais adequadas para o Paraná e o Brasil. Um dos trabalhos mais destacados é entre o professor Sérgio Ruffo, do Departamento de Agronomia da UEL, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, por meio do professor Alessandro Sato, em Palotina. Nesses experimentos, que a UEL e a UFPR fazem há cinco anos, são estudadas cerca de 20 variedades disponibilizadas por três viveiros, um no Rio de Janeiro e dois em São Paulo. O início foi em área pequena, agora ampliada e contando com apoio de agências financiadoras, como o CNPq, do governo federal. Os dados do Mapa do Lúpulo Brasileiro 2023, levantados pela Associação Brasileira de Lúpulo, mostram que no ano passado o Brasil possuía 114 produtores da essência, um salto iniciado em 2015, quando se tinha apenas um. A área total cultivada era de 112 hectares, crescimento de 133% em relação a 2022. São 44 variedades cultivadas no País. No Paraná, 4º lugar da produção nacional, 16 agricultores, estendiam 17.440 plantas em 8,4 hectares, com produção inferior a 8 toneladas. Segundo a Aprolúpulo, o valor médio conseguido no ano passado foi de R$ 223 pelo quilo, com valor máximo a R$ 400. (Repórter: Gustavo Vaz)