Com certificação, Paraná vai acessar mercados que pagam mais pela carne

27/05/2021
A conquista da certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação pelo Paraná, concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal nesta quinta-feira, vai alavancar as exportações paranaenses. O selo funciona como um aval sanitário sobre toda a produção agropecuária do Estado, e deve impactar não somente a exportação de carnes e seus derivados, mas também produtos agrícolas, potencializando a economia do Estado como um todo. Esse é o principal impacto esperado pela certificação, almejada há anos pelo setor produtivo. Segundo Otamir Cesar Martins, diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, com a vacinação, existe uma desconfiança de que ela é necessária porque os animais podem ter a doença.// SONORA OTAMIR CESAR MARTINS.//

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Paraná é o segundo maior produtor de carne suína do Brasil, representando 21,1% do total do País. No entanto, quando o foco é a exportação, o Paraná cai para terceiro lugar, com 13,59% do total. A certificação concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal potencializa esse percentual, abrindo diálogo com mercados que só compram carnes de produtores com o selo. Antônio Poloni, assessor da presidência da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, acredita que em cinco anos o Paraná estará presente nesses mercados com carnes especiais — o que, no tempo comercial internacional, é um tempo muito curto.// SONORA ANTÔNIO POLONI.//

O novo status do Paraná potencializa diretamente a exportação de seus produtos, já que libera acesso a mercados que só compram de quem é certificado. Isso acontece porque, como a febre aftosa é difícil de controlar, ela funciona como um termômetro: zonas livres da doença têm bons serviços veterinários e controlam outras zoonoses. A curto prazo, a suinocultura deve ser uma das principais favorecidas, uma vez que ela já tem uma produção robusta e suficiente para abastecer novos mercados, mas atualmente só acessa cerca de um terço dos mercados compradores. O Paraná já exporta pra bons mercados, como Hong Kong, Rússia e China. Otamir Martins, da Adapar, destaca que agora o Estado quer conquistar mercados premium, como Estados Unidos, União Europeia, Japão e Coreia do Sul, que pagam até o dobro do valor por tonelada.// SONORA OTAMIR CESAR MARTINS.//

Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná produziu 936 mil toneladas de carne suína em 2020, um aumento de 11,1% em comparação com 2019 que consolidou o Estado como segundo maior produtor da proteína no País. Com relação à exportação, foram 117 mil e 900 toneladas em 2019, por exemplo, 16% do total exportado pelo Brasil. No total, naquele ano, a suinocultura gerou um Valor Bruto da Produção Agropecuária de 6 bilhões e 310 mil reais — valor 28% maior que em 2018. (Repórter: Rudi Bagatini)