Coleta realizada na orla das praias paranaenses reduz lixo que vai para os oceanos

01/03/2019
Golfinhos, tartarugas, peixes, aves e vários outros animais que vivem nos oceanos confundem plástico com comida e morrem por asfixia, inanição ou por fome, já que o resíduo impede a ingestão e a absorção de alimentos. Imagens da fauna marinha saudável e dos impactos sofridos por esses animais pela ingestão de resíduos fazem parte do trabalho da Sanepar com os quase 100 envolvidos nas atividades de limpeza das praias. A bióloga Ana Cristina do Rego Barros, educadora ambiental da empresa e responsável pelo treinamento, explicou a importância da capacitação para conscientizar os próprios coletores sobre o valor do trabalho que eles fazem.// SONORA ANA CRISTINA.//

No Litoral do Paraná, o trabalho de coleta de lixo executado pela Sanepar já retirou das areias, em dois meses, 570 toneladas de resíduos dos tipos mais diversos. Quase 27 toneladas desse material apenas no primeiro dia do ano. O trabalho é feito ao longo de 48 quilômetros de orla, de Pontal do Paraná até Guaratuba. As prefeituras municipais fazem a destinação dos resíduos. O supervisor dos coletores de Matinhos, David Pereira Machota, afirmou que os coletores já perceberam que o trabalho deles influencia positivamente o comportamento dos veranistas. Segindo Ana Cristina, esse comportamento observado por David e pelos coletores é muito importante.// SONORA ANA CRISTINA.//

De acordo com a bióloga, pesquisadores já demonstraram que os resíduos chegam a locais muito remotos, nunca habitados, e que existem ilhas inteiras só de lixo. Além disso, a decomposição do lixo pode gerar outros problemas de grande escala.// SONORA ANA CRISTINA.//

Ana Cristina destaca que os coletores não apenas limpam a faixa de areia usada pelos veranistas, mas contribuem para um ecossistema mais preservado. Segundo a pesquisadora Camila Domit, do Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná, a limpeza das praias é muito importante, mas a mudança de comportamento é fundamental para a preservação da vida marinha.// SONORA CAMILA DOMIT.//

Camila, que é responsável pelo Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR, com enfoque em estudos com mamíferos e tartarugas marinhas, acrescenta que, além do descarte correto, ainda é preciso reduzir a quantidade de resíduos gerados, porque chegou-se em um ponto em que não é suficiente apenas reciclar ou dar o destino correto ao que já se usou. Uma pesquisa, divulgada em 2017 pela Fundação Ellen MacArthur, afirma que se o uso de plástico continuar crescendo na proporção atual, sem reciclagem, em 2050 haverá mais plástico que peixes nos oceanos. A instituição estima que cerca de oito bilhões de toneladas do material já são despejados nos mares todos os anos, o que pode ser comparado a um caminhão de lixo por minuto. (Repórter: Wyllian Soppa)